07 setembro 2007

Aventuras no Japão

Enquanto andámos em Coimbra, muitas foram as vezes em que nos aventurámos no Japão (fora de Coimbra) e também por fora espalhámos a nossa irreverência e inexcedível jovialidade e espírito académico coimbrão, tão características da Tesoural Tertúlia Irmandade das Sombras.
Certa vez, após fazermos uma ronda das tascas da Rua Direita, acabámos em Outil, perto de Cantanhede, pois um dos taberneiros onde estivéramos, convidou-nos para irmos à festa da terra dele, que nos faria lá entrar sem pagar. Lembro-me que fui eu, o Marralheiro, o Tomásio e o Malha, mas não tenho a certeza se foi mais alguém, embora creia que não. Nesse dia íamos já muito bem regados, pois, como disse, estivéramos a fazer uma ronda das tascas, mas, quando lá chegámos, o sr. ainda nos pagou uma cerveja numa tasca em frente ao recinto da festa e ainda lá bebemos também mais qualquer coisa do nosso bolso. O homem, enfim, lá nos meteu no recinto, mas, passado pouco tempo, apercebemo-nos que a cerveja era muito cara para quem era estudante de mesada curta - como nós - por isso o Marralheiro e o Tomásio saíram e vieram buscar umas cervejas para todos, à tasca em frente; só que, ao voltarem a tentar entrar, o porteiro já não os deixou entrar; eles bem insistiram, mas nada conseguiram; eu e o Malha fomos ter com o nosso “protector”, que foi falar com o porteiro, mas o gajo não cedeu, alegando que tínhamos entrado sem pagar e ainda estávamos a ter o desplante de sair e ir comprar cerveja a outro sítio, em vez de consumirmos cerveja lá dentro. Perante isto, enquanto o Marralheiro e o Tomásio chagavam a cabeça ao homem, eu e o Malha fomos ver se dava para entrar por outro sítio e acabámos por descobrir que, se fossem dar uma volta e saltassem uns muros, dava para entrar; fomos então comunicar a nossa descoberta ao nossos infortunados colegas que tinham saído para bem de todos nós e estavam a tramar-se por causa disso. O Marralheiro e o Tomásio seguiram então as instruções que lhes déramos e, após muito esforço, lá conseguiram entrar, só que… mal estavam a chegar ao recinto, o porteiro, que estranhara a desistência deles sem que nós saíssemos do recinto, estava à espera deles e voltou a metê-los na rua! A noite não durou muito mais, pois eu e o Malha ficámos com peso na consciência e acabámos por nos vir embora pouco depois.
Outra vez fomos até Ílhavo fazer uma serenata. Como chegámos cedo, fomos até uma esplanada no centro da cidade e sentámo-nos a beber umas cervejas e a afinar os instrumentos. Os gajos do estabelecimento comercial, bem como alguns clientes, ao ouvirem-nos tocar, começaram a pagar finos uns atrás dos outros e bebemos até querer enquanto lá estivemos. Seguidamente, fomos fazer a serenata, finda a qual entrámos na casa da moça e bebemos e comemos de tudo quanto havia. Por fim, resolvemos vir embora, já muito bem bebidos e, para variar, resolvemos vir pela estrada nacional 1; quando íamos a passar a Mealhada, já altas horas da noite, resolvemos ir até ao Luso e assim fizemos. Chegados lá, e vendo aquela água a correr ali no largo principal, resolvi que era uma excelente ocasião de lavar os pés em água do Luso, e assim fiz, enquanto o Branquinho tirava uma placa transparente que estava presa à rede do muro de um hotel e que tinha escrito “Lixo”. Ora, como estava frio e a água estava gelada, comecei a espirrar, mas, bêbado, em cada espirro que dava, fazia-o da forma o mais barulhenta possível, o que fez acordar o segurança do hotel que estava ali numa guarita mesmo junto ao muro de onde o Branquinho retirara a placa, e ouvimos o gajo a falar ao “walkie-talkie” a chamar não sei quem. O Branquinho, vendo que podia haver chatice, dirigiu-se ao muro para repor a placa (o que fez, só que, como esta era transparente, pô-la ao contrário, o que fez com que “lixo” ficasse como se visto através de um espelho) o que originou que o segurança se afastasse do muro, cheio de medo, ao vê-lo aproximar-se. Eu acabei de limpar os pés e calçar-me, o Branquinho acabou de pôr a placa no sítio (ao contrário) e viemos embora, com uma outra placa que o Ramanel (um afilhado meu) roubara e onde estava escrito “É proibido pisar a relva”. O Camurcalho arrancou e toca a vir embora. Mas trazíamos uma placa e a policia podia mandar-nos parar e era chato, por isso parámos e deitámos a placa fora. Mas, ainda antes de sairmos do Luso, começámos a pensar que, no fundo, não tínhamos feito nada de mal (a placa do lixo estava no sítio e a outra estava algures na estrada, por isso estava tudo em ordem connosco, por isso decidimos voltar ao “local do crime”. Ao ver-nos chegar, a primeira coisa que o segurança fez, foi fugir do muro e voltar a dizer umas baboseiras quaisquer, o que fez com que, passados alguns cinco minutos, um jipe da GNR parasse ao lado do jardim e viesse ter connosco. Chegaram, pediram-nos a identificação e perguntaram-nos o que andávamos ali a fazer àquela hora. O Branquinho, que é o mais “latoso” lá lhe contou a história da serenata, de como voltávamos a Coimbra e decidimos passar ali no Luso, “para que o meu colega viesse lavar os pés em água do Luso, que é um luxo a que não se pode dar todos os dias” e de como, com a água tão fria, eu tinha começado a espirrar, e que o tinha feito “se calhar, um pouco mais alto do que o costume, de tal forma que acordou aqui o senhor segurança”; os militares da GNR disseram que compreendiam a situação, mas que aquilo ali era uma zona de hotéis e que não seriam as horas mais apropriadas para fazer muito barulho, mas retorquimos que não fizéramos muito barulho, “embora fosse o suficiente, é certo, para acordar o senhor segurança que”, insistiu o Branquinho, “estava a trabalhar”. Bem, palavra puxa palavra, um dos GNR era de perto da terra do Branquinho, havia conhecimentos comuns e acabamos por dar dois dedinhos de conversa aos senhores agentes da autoridade, tendo o Branquinho, sempre que pôde, salientado que, sem querer, “tínhamos acordado o homem que estava a trabalhar”. Na despedida, o Branquinho pediu muita desculpa aos senhores GNR e, caso pudessem, quando estivessem com o senhor segurança, lhe apresentassem as nossas desculpas por o “termos acordado” no seu local de trabalho! E assim foi, viemos embora, parámos no sítio onde deixáramos a outra placa e lá veio ela connosco para Coimbra, para o Convénus Mustinto!
Certo dia fomos à Maia fazer uma serenata para o nosso colega Patrício, que, de cada vez que conhecia uma loira de olhos azuis (por mais feia que fosse) apaixonava-se por ela e ia-lhe fazer uma serenata, o mais tardar, uma semana depois de a ter conhecido. Também lá encontrámos um sinal muito bonito e decidimos trazê-lo, só que o sacana do sinal estava muito mais seguro do nos parecera à primeira vista e não queria sair; estava preso por uma tábua que nós pensáramos levantar e tirar o sinal, só que a velhaca da tábua estava muito bem presa e não levantava, por isso tivemos que a partir, no meio de, provavelmente, um bocado de barulho a mais, o que fez com que uma senhora viesse a uma janela e começasse a gritar “Ladrões! Ladrões! Eu vou chamar a polícia!”. Aquilo é que foi correr para o carro, arrancar e zás, para Coimbra a toda a velocidade!
De outra vez, fomos eu, o Malha e mais não sei quem, à Tocha, às festas do S. João. À chegada, à entrada de uma rotunda, estava o trânsito parado, a avançar a “conta gotas”. Quando chegámos à entrada da rotunda, em plena via pública, estava um energúmeno qualquer a pedir dinheiro a cada carro que ali passava – por isso o trânsito estava parado; o Malha abriu a janela do carro e deu-lhe 100 escudos, o que, na época, já não era nada mau, mas o gajo achou pouco e perguntou se os outros que vinham no carro não davam nada, ao que lhe respondi:
- Dar? Mas dar para quê?
- Para o S. João – respondeu o homem.
- Então e o Sr. é que é o S. João?... – respondi enquanto o Malha arrancou e deixou para lá o homem a barafustar qualquer coisa que não ouvimos nem interessava ouvir, pois eram, certamente, baboseiras.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tomei conhecimento com o blog hoje. Cheguei e li tudo o que estava aqui escrito (sim o blog todo de fio a pavio). Não consegui evitar algumas gargalhadas...Falta-te acrescentar assim de cabeça que nessa ida ao S.João, a bandeira azul da praia da Tocha voltou connosco...ela que estava ao vento a dar a dar pendurado num mastro mesmo juntinho à avenida principal onde porventura estariam umas boas centenas de pessoas...
Abraços,

Malha