Tive aqui há tempos uma discussão (no bom sentido da palavra), aqui no blog, acerca do F.R.A.
Na altura, o Sr. Pena louvou a correcção que fiz ao dito grito, corrigindo-me, no entanto, o facto de eu ter escrito “alequá” em vez de “aliquá”. Disse-lhe que tinha lido aquilo num qualquer livro e que lhe diria em que livro tinha lido esta palavra; tentando cumprir a palavra dada, fui em busca, na minha biblioteca de livros sobre Coimbra, do dito livro, mas não o encontrei (não sei onde li, mas tenho a certeza que o li – ainda não estou a ficar doido, acho eu!).
No entanto, e passando por cima da questão de a dita palavra se escrever com “i” ou com “e” – que considero de somenos importância, uma vez que foneticamente dizemos a mesma coisa – a verdade é que encontrei, num livro chamado “Coimbra… ontem! (1945-1951)”, de Octávio Abrunhosa, edição da Livraria Almedina, a seguinte nota de rodapé:
“O F.R.A. foi um grito criado pela Academia de Coimbra, cujo autor julgo ser desconhecido. Destinava-se, sobretudo, a assinalar momentos de grande regozijo e satisfação. Usurpado pelas demais Universidades do País, e não só, por falta de imaginação e criatividade, está transformado num grito da bicharada. Grita-se em qualquer lado e em quaisquer circunstâncias, desde casamentos a baptizados. Creio que, em Coimbra, continua a ser utilizado com uma certa parcimónia. Pena é que nem mesmo os estudantes de Coimbra de hoje saibam gritá-lo como deve ser. É que o F.R.A. deve ser gritado do seguinte modo:- “f-r-a, frá, f-r-e, fré, f-r-i, fri, f-r-o, fró, f-r-u, fru, frá, fré, fri, fró, fru, aliquá, quá, quá, aliquá, quá, quá, chiribiribi, tatá, tatá, chiribiribi, tatá, tatá, urrah, urrah, urrah!”.
Hoje, porém, quando chegam ao “aliquá”, em vez de o fazerem seguir de “quá”, “quá”, somente, gritam (mas mal) “aliquá”, “liquá”, “liquá”, “aliquá”, “liquá” “liquá”. Pobre F.R.A., por que bocas você anda!”
Atrever-me-ia a acrescentar que já nem “aliquá” se diz – agora é “arriquá” – e, lamentavelmente, informar o Dr. Octávio Abrunhosa que ele se enganou numa coisa nisto que disse: não, em Coimbra este grito também já não é utilizado com nenhuma parcimónia. Já para não falar que agora, sem que eu consiga vislumbrar de onde veio tamanha idiotice, todos gritam:
Na altura, o Sr. Pena louvou a correcção que fiz ao dito grito, corrigindo-me, no entanto, o facto de eu ter escrito “alequá” em vez de “aliquá”. Disse-lhe que tinha lido aquilo num qualquer livro e que lhe diria em que livro tinha lido esta palavra; tentando cumprir a palavra dada, fui em busca, na minha biblioteca de livros sobre Coimbra, do dito livro, mas não o encontrei (não sei onde li, mas tenho a certeza que o li – ainda não estou a ficar doido, acho eu!).
No entanto, e passando por cima da questão de a dita palavra se escrever com “i” ou com “e” – que considero de somenos importância, uma vez que foneticamente dizemos a mesma coisa – a verdade é que encontrei, num livro chamado “Coimbra… ontem! (1945-1951)”, de Octávio Abrunhosa, edição da Livraria Almedina, a seguinte nota de rodapé:
“O F.R.A. foi um grito criado pela Academia de Coimbra, cujo autor julgo ser desconhecido. Destinava-se, sobretudo, a assinalar momentos de grande regozijo e satisfação. Usurpado pelas demais Universidades do País, e não só, por falta de imaginação e criatividade, está transformado num grito da bicharada. Grita-se em qualquer lado e em quaisquer circunstâncias, desde casamentos a baptizados. Creio que, em Coimbra, continua a ser utilizado com uma certa parcimónia. Pena é que nem mesmo os estudantes de Coimbra de hoje saibam gritá-lo como deve ser. É que o F.R.A. deve ser gritado do seguinte modo:- “f-r-a, frá, f-r-e, fré, f-r-i, fri, f-r-o, fró, f-r-u, fru, frá, fré, fri, fró, fru, aliquá, quá, quá, aliquá, quá, quá, chiribiribi, tatá, tatá, chiribiribi, tatá, tatá, urrah, urrah, urrah!”.
Hoje, porém, quando chegam ao “aliquá”, em vez de o fazerem seguir de “quá”, “quá”, somente, gritam (mas mal) “aliquá”, “liquá”, “liquá”, “aliquá”, “liquá” “liquá”. Pobre F.R.A., por que bocas você anda!”
Atrever-me-ia a acrescentar que já nem “aliquá” se diz – agora é “arriquá” – e, lamentavelmente, informar o Dr. Octávio Abrunhosa que ele se enganou numa coisa nisto que disse: não, em Coimbra este grito também já não é utilizado com nenhuma parcimónia. Já para não falar que agora, sem que eu consiga vislumbrar de onde veio tamanha idiotice, todos gritam:
“EEEEEEEEEEEEEEEEEF.R.UUUUUUUU”; parecem ovelhas a balir! (calma, calma! Ainda há-de chegar o tempo em que gritarão “I-Ó, I-Ó”)
No entanto, o que me repugna ainda mais, é aquelas gajas (ou gajos) que de espírito académico não têm nem uma unha, para se mostrarem diante dos papás que incham de orgulho com as proezas e espírito académicos das filhas(os), gritam: “Então com todo o espírito académico, aqui sai um F.R.A.”. É do que mais degradantemente ridículo pode existir: gente que, ao longo de 4 ou 5 anos de Universidade de Coimbra, usa a capa e batina umas 40 ou 50 vezes (e muitas delas é usar no jantar de curso e ir trocar depois, pois “não é prático”; ou usar no cortejo e ir trocar a roupa antes de ir ao Parque), ou andar – como se vê agora – com a cartola e a bengala e à futrica, andar a gritar F.R.A.’s com “todo o espírito académico”! Sinceramente, era partir-lhes o focinho todo!
No entanto, o que me repugna ainda mais, é aquelas gajas (ou gajos) que de espírito académico não têm nem uma unha, para se mostrarem diante dos papás que incham de orgulho com as proezas e espírito académicos das filhas(os), gritam: “Então com todo o espírito académico, aqui sai um F.R.A.”. É do que mais degradantemente ridículo pode existir: gente que, ao longo de 4 ou 5 anos de Universidade de Coimbra, usa a capa e batina umas 40 ou 50 vezes (e muitas delas é usar no jantar de curso e ir trocar depois, pois “não é prático”; ou usar no cortejo e ir trocar a roupa antes de ir ao Parque), ou andar – como se vê agora – com a cartola e a bengala e à futrica, andar a gritar F.R.A.’s com “todo o espírito académico”! Sinceramente, era partir-lhes o focinho todo!
5 comentários:
Caríssimo,
O termo "alique" não existe.
Existe, isso sim, o termo aliquem (resultante da declinação de aliquis).
O termo original, que é um pronome indefinido, é aliquis (alguém, algo, algum), embora possa assumir-se como substantivo (aliquis, aliqua, aliquid – algum, alguma, alguém, algo, alguma coisa) ou, ainda, como adjectivo (aliqui, aliqua, aliquod – algum, alguma, algo).
É declinado como QUIS, mas com a adição do prefixo ali-: aliquis, aliqua, aliquod, com a única diferença que no feminino ele faz aliqua, e não *aliquae".
Desculpe-me a insist~encia deste "preciosismo" da forma escrita, mesmo se, como disse, na oralidade todos pronunciamos igual, mas julgo importante que, a ter de se fazer (e escrever), se o faça bem.
Resta, agora, é pensar por que razão este termo existe no grito.
Pessoalmente, vejo isso como uma interpelação (recurso estilístico conhecido por Apóstrofe ou invocação), na ideia de arregimentar, chamar, congregar, reunir a atenção e vontades de todos.
Já o "Chiribiribi" é referente a uma Marcha carnavalesca de Victor 34.115B, interpretada pelo "Bando da Lua", gravada em novembro de 1936 e lançada em dezembro de 1936. (passo-lhe esta informação em exclusividade).
Abraço
De facto, o termo "alique" até é capaz de não existir.
No entanto, acho bastante irrelevante para a presente discussão, visto que, lido com muita atenção o texto, também não o encontro...
Deve ter sido gralha do autor do artigo (Batinas) ou do comentador (Pena (wb)).
:)
Caro Carlos,
Em momento algum afirmei existir o termo "Alique", pelo contrário, tentei, isso sim, explicar o uso do "Aliqua" (algo que poderá verificar no meu último artigo do blogue Notas&Melodias).
Nesse particular não existe gralha, tal como julgo que o próprio Batinas fala em "alique" como termo usado pro muitos.
Forte abraço.
O FRA (Frente Revolucionária Académica) foi criado por um estudante de coimbra, que, curiosamente, era brasileiro
!!!
Sempre ouvi dizer que vinha já do Brasil, contudo encontrei um texto interessante:
http://guitarradecoimbra.blogspot.com/2005/04/divaldo-gaspar-de-freitas-1912-2003.html
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