16 outubro 2009

Histórias com gebos.

Apesar de ser impossível aqui contar todas as histórias demonstrativas da estupidez que reinava na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), tanto a nível de professores, funcionários ou estudantes (seria uma tarefa hercúlea, daria um livro maior que o “Em busca do tempo perdido”, de Marcel Proust), vou aqui tentar contar algumas das mais ricas pérolas dessa florescente “gebice” (se me permitem o neologismo) da FEUC.
Havia lá na faculdade um indivíduo que era um bocado atrasado (e um bocado é favor!). Mas parece que, de tão atrasado que era, tinha entrado na faculdade pelo contingente dos deficientes, o que é uma coisa extraordinária, pois uma coisa é ter-se uma deficiência física e aproveitar-se disso para passar a perna aos outros, e outra é ser-se deficiente mental e ter direito a passar à frente dos outros para tirar um curso superior, uma vez que, a meu ver (mas posso estar errado, claro!) os cursos superiores não deviam ser acessíveis a atrasados mentais, pois, supostamente, para se tirar um curso superior deveria ser necessário um pouco mais de inteligência do que a de alguém que tem um atraso, mas adiante… Claro que o desgraçado andou para lá a arrastar-se, apesar de ir às aulas e estudar, e só tinha feito, quando eu saí de lá, meia dúzia de cadeiras e das mais fáceis, andando-se sempre a queixar que os professores eram maus para ele e que havia sempre grandes complôs contra a sua pessoa, tendo, inclusivamente, escrito alguns desses complôs contra ele e algumas mentiras acerca de mim na net, mas também não é para falar disso que aqui estou agora. A verdade é que o gajo era tão burro que nem escondia que tinha entrado no contingente dos deficientes e, segundo era dado ver a todos, deficiência física ele não tinha nenhuma (pelo menos visível)… Ora, segundo me contaram, o tutor dele era o Joaquim Feio, o que fez com que um dia um colega meu tenha encontrado o Feio muito irritado, talvez no bar da FEUC. Ao falar com o meu colega, desabafou que estava naquele estado de nervos porque a mãe do rapaz tinha ido falar com ele a dizer que deviam facilitar um pouco a vida ao filho, pois o rapaz era um pouco deficiente, mas que, apesar de não dar para exercer certas profissões (e deu como exemplo a sua profissão) podia ser, por exemplo, caso tirasse o curso, professor! O que ela foi dizer e, ainda por cima, a quem! O Feio passou-se (e com razão) e não havia quem o conformasse! Até porque, cá para nós, se bem me lembro, a profissão dela era muito mais adequada a ser exercida por atrasados mentais (que o é, mas eu não digo qual a profissão) do que a de professor, embora eu possa dizer que ambas têm uma forte representação de indivíduos nessas condições (eu que o diga, que andei uns anos a estudar na FEUC e vi lá alguns deles e alguns até bem considerados e com currículos bem distintos…). Mas adiante, não quero agora falar dos Fortunas da FEUC.
Outra que me estou agora a lembrar com um gebo e com o professor Joaquim Feio foi também contada, pois não assisti. Passou-se esta num exame. Para quem não saiba, os exames do Feio tinham número máximo de páginas, pois o homem gostava muito pouco de palha e gostava que nos cingíssemos ao essencial. Por isso, salvo erro, não se podia exceder a folha de exame e não era permitido pedir mais folhas (ainda me lembro dos gebos que gostavam de dar palha a escreverem nas margens, nos cabeçalhos… Estúpidos!). Ora um dia estava lá um gebo qualquer a fazer um exame de uma cadeira do Feio e parece que o rapaz estava entusiasmado a escrever. Segundo conta quem viu, o rapaz escreveu, escreveu, escreveu e, a certa altura, pediu outra folha. O professor que estava a vigiar o exame disse que não tinha autorização para dar mais folhas, mas, perante a insistência do rapaz, disse que ia chamar o professor da cadeira. Instantes depois apareceu o Feio, que disse que era só uma folha e não havia excepções, mas que foi ter como indivíduo e pegou no exame dele para o ler. Parece que leu aquilo tudo e, no fim, com uma gargalhada de gozo pelas baboseiras que lá estavam e que prenunciavam um chumbo mais que certo para o estudante, virou-se para o professor que vigiava aquela sala e disse num tom jocoso: “Pode-lhe dar mais uma. Aliás, a este pode-lhe dar as que ele quiser!” e saiu da sala a sorrir. Mas o melhor (ou o pior, pois estamos a falar de grandes calhaus que passaram por aquela faculdade) ainda está para vir: é que o tal aluno recebeu a nova folha e, em vez de desistir pois já se vira que estava arrumado e que só tinha escrito asneiras, pegou na esferográfica (creio que usava uma esferográfica e não uma caneta) e continuou a escrever, a escrever, a escrever…
Continuando a falar de gebos, também me contaram uma história engraçada passada numa reunião do conselho directivo. Na altura estava-se a discutir a quem deveriam ser dadas chaves dos elevadores, pois os elevadores da FEUC deviam ser utilizados apenas por quem necessitasse e não por qualquer um; segundo consta, decidiram que deviam ser dadas umas chaves ao Sr. Carlos, do bar, e a pessoas com deficiência. Discutia-se então que tal e tal estudante necessitavam e alguém sugeriu que um professor que tem uma deficiência no andar (na altura não se falou da deficiência, falou-se mesmo no nome do professor – parece que é um tal que uma vez entrou na biblioteca a gritar “quem tinha sido o estudante que deixara o carro no lugar dos deficientes?!” e que era conhecido, junto de alguma malta, como o “cabeça de porco estúpido”). Nesta altura, o presidente do conselho directivo, que não posso dizer o nome mas que posso adiantar que tem falta de cabelo, se tem em grande consideração apesar de ser, talvez, um gebo desgraçado; e que não é pessoa de ter uma grande fortuna em termos de riqueza intelectual, saiu-se com esta: “Estamos a falar de deficientes físicos, não é?”.
Outra história com dois grandes gebos (um deles era de tal ordem que até lá ficou a dar aulas) passou-se quando eu era semi puto. Na altura, andava lá um gebo que, imaginem só, era tão gebo, tão gebo, tão gebo, que até tinha o apelido PESTE! Esse indivíduo andava sempre à futrica, pois era um naftalinoso de alto coturno, e, embora me pudesse desmobilizar caloiros se estivesse de capa e batina, a verdade é que nem a trazia, nem gostava que eu praxasse. Acontece que eu nunca liguei muito ao paleio dos naftalinosos e fazia o que me apetecia e na altura apetecia-me praxar, por isso praxava. Ora, certa vez, um amigo desse Peste (o tal que lá ficou a dar aulas) apareceu de capa e batina e desmobilizou-me o caloiro que eu estava a praxar, pois o gajo era quartanista. Tive que me calar e deixar a coisa assim. O tal Peste ria-se, o homem estava mais feliz do que se tivesse ganho o euromilhões. Só que eu, num momento de inspiração, vendo que o tal quartanista tinha casa para o botão na lapela (para fechar a batina em caso de luto) e sabendo que havia aí umas batinas manhosas compradas na “Toga”, lembrei-me de verificar se na outra lapela tinha o botão; e o gajo não tinha! Portanto, não estava na Praxe! Portanto, não podia mobilizar caloiros! Logo voltei a mobilizar o caloiro e, perante a indignação e humilhação dos dois gebos, deixei lá o caloiro meia hora a dizer ao gajo: “Oh doutor, desmobilize-me! Oh doutor, desmobilize-me!”.
Muito mais há para contar acerca dos muitos gebos que pulularam (e ainda pululam, certamente!) na FEUC. Acho que descobri um filão que vou explorar após mais umas crónicas tenho “no prelo” acerca de mais algumas figuras (não gebas) do meu tempo.

6 comentários:

Gebo disse...

O maior gebo andava sempre de capa e batina, e demorou quase 12 anos para terminar o seu cursinho de merda. Lá conseguiu, com muita boa vontade dos profs ( e dos proprios pais que andavam a sustentar este alarve).

Oh wait, afinal o gebo batinas é o dono deste blogue:P

Anónimo disse...

Só um cobarde vem para aqui lançar postas de pescada sem se identificar. Então a inteligência vê-se nos anos que se demora a acabar o curso? Ou vê-se nas obras? 11 demorei eu e aposto que quando decidi estudar, a qualquer das cadeiras que fiz tive melhores notas que tu, e caso fosse possivel, meu monte de merda, fazendo a correcção para os anos trabalhados, gostava de comparar os frutos do meu trabalho com os do teu...
Marralheiro

Georgius Brandalius disse...

Marralheiro, caríssimo,

muito surpreendido fico que tenhas vindo a terreiro responder a um anónimo. Eu também vi a mensagem, mas da mesma forma que não abro e-mails anónimos nem cartas anónimas na minha caixa de correio física, ignorei esta mensagem. Sugeria-te, meu amigo, que doravante fizesses o mesmo.

Quando quem quer que tenha escrito isso se dignar a identificar-se então cá estaremos todos para lhe explicar umas quantas coisinhas.

Um grande abraço para ti.

Brandalius

PS: não dá para parametrizar o blog de forma a que só pessoas possam escrever comentários(leia-se gente identificada no sistema, com um e-mail validado)?

Georgius Brandalius disse...

PS: não dá para parametrizar o blog de forma a que só pessoas possam escrever comentários(leia-se gente identificada no sistema, com um e-mail validado)?

Explicando melhor este PS para que não haja mal entendidos: têm aparecido neste blog pessoas que discordam connosco e com a nossa maneira de pensar e com a nossa postura dos tempos de Faculdade. Isso é legítimo e até torna interessante o blog e dá azo a excelentes momentos de diversão a esgrimir argumentos. Outra coisa completamente diferente é alguém chegar aqui e insultar-nos sob anonimato. Só não proponho que esse comentário seja apagado porque, enfim, dá mostras da nossa magninimidade deixá-lo lá. Mas de facto, do ponto de vista conceptual, isto é inadmissível.

Dixit,

Brandalius

Doutor Marralheiro disse...

O que me fez passar com o comentário do camelo que nos desatou para aqui a insultar, é que nós, independentemente de serem criticaveis ou não as nossas acções, sempre as tomamos com o conhecimento de toda a gente, inclusivé do porco, porque pelo comentário é obvio que sabia quem somos. O amigo Batinas inclusivamente, não identificou nenhum dos gebos, daí que esta sua descrição dos actos deles não prejudique ninguém. O maricas que se manifestou, só o fez porque nos conhecia, só o fez porque ainda hoje tem interesse em nós, se não não nos lia, só que continua o mesmo cobarde dos tempos em que nós, como ele, no seu intimo sabia e sabe, ERAMOS O MÁXIMO. Continua a ler o nosso Blog, e a chorar aquilo porque não passaste, seu filho de uma mãe solteira, continua sob o nosso jugo insignificante inseto, que para ti, apenas envio o meu desprezo. Se tivesse de novo 18 anos, talvez não fizesse o mesmo, certamente ainda tinha aproveitado mais, pois agora mal tenho tempo para me coçar.

Batinas disse...

Se querem saber, o comentário do tal gebo não me chateou nada. Como me apercebi que se tratava de um gebo, apenas fiz a correcção, mudando o autor de "anónimo" para "gebo". De resto, gosto muito de ter admiradores que seguem a minha vida, mesmo sendo estes uns grandes gebos. Por isso nem fiz nenhuma correcção às imprecisões dele: demorei 13 anos a acabar o curso (e não "quase 12"), quando acabei o curso já ganhava o meu há alguns anos (não dependia da boa vontade dos meus pais), não tive qualquer favor de nenhum professor (antes pelo contrário), o meu cursinho não era de merda como será o dele e não vou corrigir o "alarve", pois apercebi-me que via o seu próprio reflexo no visor do computador quando escrevia isto. Em todo o caso, apreciei o seu comentário e espero que nos continue a seguir. Como ainda tenciono contar mais histórias com gebos, é possível que conte algumas sobre si (se não contei já nesta crónica) e poderá mostrá-las aos seus amigos e mostrar como era um indivíduo de tal forma conhecido na FEUC que até falam de si na net!!