16 dezembro 2008

Saraus

Foi já aqui referido tanto pelo Batinas como pelo Brandaluis, que a malta da TTIS e os seus amigos tinham por hábito a realização de “saraus” nos Patamares das Farmácias. No entanto, nada foi dito da razão de ser desses eventos nem da forma como decorriam.
Ora bem, creio que é chegada a altura de tecer algumas considerações sobre estes famosos saraus.
Corria o ano de mil, novecentos, noventa e troca o passo quando, estando a malta a confraternizar numa noite de Sarau Académico de Latada, verificámos que para assistirmos ao dito sarau era necessário pagar bilhete. O preço não estava em causa, o que nos revoltou grandemente foi o facto de termos de pagar para assistir à apresentação feita à Academia das actividades dos seus diferentes grupos!...
Ora isto era, a nossos olhos, inadmissível!
Por isso decidimos organizar um sarau só nosso.
As regras eram muito simples:
Primeiro, organizavamos uma “festa do litro y meyo”, seguida de sarau, nos Imperiais Paços do Reino Convénus Mustinto (a nossa sede também já referida em posts anteriores);
Segundo, a festa seria aberta a todos os nossos amigos que desejassem participar, como sempre;
Terceiro, para poder participar na festa, os participantes, para além do consumo mínimo já referido no post relacionado com as “festas do litro y meyo, teriam que participar também no sarau apresentando um número que podia ser uma actividade artística qualquer, desde a representação, música, teatro, contar anedotas (o que mais tarde veio a ser conhecido por “stan up comedy”, ou lá o que é), etc…
Nem queiram saber o que nos divertimos nessa noite!...
A malta já bem bebida a fazer representações e a cantar era algo digno de ser visto!... Duvido que em qualquer sarau da Academia qualquer um dos presentes se tivesse divertido tanto como nós e ainda hoje sinto uma nostalgia especial e continuo a rir-me sozinho sempre que me lembro desse primeiro sarau.
Depois deste sucesso inicial, os saraus da TTIS passaram a ser mais informais e a decorrer sempre que nos dava na real gana. É aqui que entram os célebres Patamares das Farmácias.
Ora, como tínhamos o salutar hábito de ir com uma certa regularidade ao Pinto confraternizar um bocado, bem como, naquela altura, a referida tasca tinha o péssimo hábito de fechar cedo (às 23 horas da tarde…), nós acabávamos por nos ver na rua com vontade de continuar a festa noutro sítio.
Assim sendo, como o dinheiro não era coisa que abundasse nos nossos bolsos, optávamos por adquirir cada um uma garrafita de traçado e/ou de abafado (que estavam ao alcance dos nossos parcos recursos) e rumávamos aos Patamares das Farmácias.
O local era o ideal para estarmos à vontade pois não havia vizinhos num raio de 100 metros do local, bem como podíamos desfrutar de uma fabulosa vista sobre a cidade de Coimbra.
Notar que, hoje em dia, seria bastante difícil esta “romagem” devido ao facto de ter sido colocada (por parte de algum invejoso do nosso divertimento, sem dúvida) uma grade alta que impede o acesso aos referidos patamares. Mas, continuando…
Lá nos dirigíamos nós para os patamares onde acabávamos quase sempre por realizar um sarauzito
Recordo ainda hoje o que nos rebolávamos a rir com as diversas apresentações, cujas mais famosas eram, sem dúvida:
A Cláudia “Zé Pedro” a cantar o seu sucesso “Eu não tenho neurónios!”, com os cabelos a tapar-lhe completamente a cara como se fosse uma metaleira num concerto;
A ver o Brandaluis e o Batinas a fazer a 1.ª Kata (será assim que se escreve) do Karaté, imaginem dois bêbados completamente descompassados a dar socos e pontapés no ar; ou ainda
A representação feita por mim e pelo Batinas, da história do “Manclitó e o Génio da Lâmpada” projectada em sombras na parede da Universidade com auxílio dos holofotes instalados nos patamares.
Claro está que as guitarras, as vozes mais ou menos afinadas e as canções (originais nossas ou não) marcavam sempre presença.
Finda a noite, seguíamos divertidíssimos para casa tendo a certeza que nos tínhamos divertido imenso, bebido quanto baste e gasto muito pouco dinheirinho (o que era essencial para forretas pobres como nós)!...
Pessoalmente sei que estas histórias não devem ter tido muita piada para quem não tenha algum dia participado num dos nossos saraus, no entanto, apenas as escrevi para que aqueles que nalgum sarau participaram possam recordar os tempos despreocupados que um dia vivemos.

5 comentários:

CHV disse...

Por momentos imaginei-me nos terraços das Farmácias a ver o Manclitó projectado na parede da Faculdade de Direito...
Valentes risadas isso deve ter rendido... :)

Unknown disse...

Alguns comentários:

- contar anedotas não tem nenhum tipo de relação com o stand up comedy; uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa; confundir stand up com contar anedotas é quase como dizer que o Benfica é uma equipa de futebol, he he!!!

- "não havia vizinhos num raio de 100 metros do local" - não????

- " (...) ter sido colocada (...) uma grade alta que impede o acesso aos referidos patamares." - cabrões!!!!

- nós fazíamos tanto a primeira kata (a Gek-sai-daich) como a segunda (Gek-sai-dani), mas nunca a fiz bêbado; isso de andares aqui a levantares falsos testemunhos etílicos é muito feio (LOL); muito menos estavamos descompassados!!!

- quem é o/a CHV?

Abraços,

Brandalius

Carolus Alvus disse...

Caro Brandalius:
"contar anedotas não tem nenhum tipo de relação com o stand up comedy" - de facto, tens razão, não tem nada a ver.
Eu só queria dar a entender que tipo de representações era feito nos saraus.
Tu estiveste presente em alguns deles e deves-te lembrar da representação do "Manclitó e o Génio da Lâmpada", bem como da história do "Zé Maneta".
Como podes concordar, este tipo de representações estava mais próximo do que se chama de "stand up comedy" do que do simples contar de anedotas.
Se calhar, ao querer ser sintético, não me expliquei da melhor forma...
Quanto ao resto:
Como te deves lembrar, a Alta de Coimbra estava, e está, infelizmente, bastante despovoada. Para além disso, os Patamares das Farmácias encontram-se rodeados maioritariamente por edifícios da Universidade. Acho que a aproximação dos tais 100m de raio sem vizinhos está minimamente correcta;
Finalmente, no que diz respeito às tais "Katas", falo do que vi. Longe de mim levantar falsos testemunhos mas, se estavas sóbrio, problema teu que não tinhas bebido o suficiente... Agora, quanto a estardes os dois descompassados um com o outro, lembro-me muito bem do que vi e das gargalhadas que soltei...
Um abraço de Feliz Natal e Próspero Ano Novo

Batinas disse...

O Branquinho só podia estar tão bebado que até lhe parecia que estávamos descompassados! Então alguém acredita que eu, o Brandão e o Tomásio, que treinávamos com tanto afinco, poderiamos estar descompassados?! Estávamos que parecia o exército vermelho a desfilar da Praça Vermelha!

Georgius Brandalius disse...

Vamos então falar um pouco mais a sério sobre a questão dos 100 metros...

Obviamente que os patamares FFUC estão rodeados de edifícios universitários por todos os lados menos por um, sendo este um o lado de cima, pois até por baixo dos patamares existia um edifício Universitário. Juntando a isso a Sé Nova fica realmente um enorme perímetro não residencial que deve sem dúvida ultrapassar os 100 metros de raio.

No entanto, recordo-me que quando descíamos as ruas da alta em direcção à Sé Velha, pelo lado da FFUC ou do Machado de Castro havia muitas casas velhas, prédios, com habitantes idosos. No meio da noite é para mim quase seguro que as nossas actuações nos patamares deviam ecoar até eles sem quaisquer dificuldades, mesmo que estivessem a 500 metros. Creio que era essa questão que estava no meu subconsciente quando questionei os 100 metros...

Ocorre-me que um destes dias poderíamos combinar ir até à FFUC e fazer um Sarau. Para isso seria necessário que quem vive ou vai a Coimbra com frequência passasse lá primeiro e fizesse um levantamento dos meios necessários para ultrapassarmos a ultrajante grade (escadas, cordas, etc). Seria então um sarau com tomada da bastilha à mistura, como vingança pela provação que nos fizeram passar ao impedir o acesso. Aliás não sei como na altura não reagimos a essa cabronice que nos fizeram. Ah... e gravamos tudo em vídeo e mandamos ao presidente do CD da FFUC com uma carta a insultá-lo.

Abraços,

Brandalius

PS: se estiverem de acordo temos de combinar os detalhes pela ML para que não estejam preparados de antemão e nos metam todos dentro.

Abraços